03 outubro, 2009

Veja por outro lado


O vazamento do ENEM foi um assunto que abalou muita coisa nesses últimos dois dias, gerou muito assunto e me deixou com muita raiva também.

Gerou um amplo quadro de possibilidades a serem especuladas, trato hoje do lado jornalístico desse "acontecimento" (os "acontecimentos" aparecem sempre no último dia do mês, mas esse mês promete, e o assunto vazamento do ENEM interferiu muito em minha vida, vale a pena explorá-lo aqui).

Um texto, Veja por outro lado:

Hoje seria um sábado, um pouco diferente de todos os outros.

Um sábado em que eu iria acordar cedo, tomar um café e já ir preparando papeis e documentos.

A minha cidade é um tanto quanto pequena, por isso iria ter que viajar nesse sábado, por volta das 10, 10:30 da manhã.

Chegar em uma cidade vizinha, procurar uma escola com nome engraçado e sentar numa cadeira pra fazer uma prova durante a tarde inteira, 90 questões.

Amanhã, seria um domingo, um pouco diferente de todos os outros.

Um domingo em que eu iria acordar cedo, tomar um café e pegar novamente os documentos, dessa vez já sem os papeis.

A minha cidade é mesmo pequena, por isso iria ter que viajar nesse domingo, por volta das 10, 10:30 da manhã.

Chegar em uma cidade vizinha, voltar àquela escola de nome engraçado e sentar numa cadeira pra fazer mais uma prova durante a tarde inteira, 90 questões e uma redação.

Estaria vivendo isso, o novo ENEM, eu e mais 4 milhões de estudantes.

Mas não viverei isso, pelo menos não nesse final de semana. Por que?

Porque a prova que já tinha gerado muita discussão e polêmica durante o ano foi adiada na madrugada de quarta para quinta (01º/10), o motivo seria uma fraude: dois caras, com as provas em mãos, as ofereceram a uma repórter do jornal O Estado de São Paulo.

A repórter (Renata Cafardo), acompanhada de dois outros repórteres não aceitou pagar R$ 500 mil para os "amadores" e prontamente entrou em contato com o ministro da Educação Fernando Haddad, foi confirmada a fraude e por volta de 1h da madrugada o ENEM estava oficialmente cancelado.

Deve-se destacar primeiramente a atitude exemplar da jornalista do Estadão. Vendo assim todos pensam que o que foi feito, seria feito por qualquer outro no lugar de Renata, sim, pode até ser verdade que ela não fez mais do que obrigação, foi ética, cumpriu seu dever de jornalista exemplarmente, mas será que todos teriam a mesma atitude?

O que aconteceria se os dois homens que estavam com a prova tivessem ido a uma outra empresa de comunicação que gostasse do papo deles e aceitasse pagá-los?

Na verdade é melhor nem pensar, mas dá pra imaginar eu e mais uma legião de estudantes vendo todo o estudo e planejamento feito durante todo o ano indo por água a baixo, até mesmo aqueles que não estudaram teriam o direito da revolta.

Fernando Haddad seria prontamente demitido, o caso ganharia proporções ainda maiores, a festa e a alegria da escolha do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016 (assunto a ser comentado nos "acontecimentos" do fim do mês) seria abafada com algo tão alarmante.

Por essas e outras é que o trabalho que envolve a comunicação tem que ser exaltado, quando o que está em jogo é a opinião pública não se pode ser displicente nem cair em qualquer conversa.

E é por isso que eu digo, em casos tão bombásticos como esse, veja por outro lado.

Rogério Arantes

2 comentários:

Marcela coutinho disse...

olhando sempre o lado positivo!
muito bem :)
achei teu blog, pelo teu orkut, q fiquei curiosa em visitar por te ver em taaantas comunidades dos hermanos! haha
enfim.. beijos!

Rogério Arantes disse...

Obrigado!

Olhei pelo lado positivo sim, mas também existe uma outra crítica meio escondida nesse texto que eu acho que você não percebeu.. rs

E em relação às comunidades, sou um hermaníaco! :)

Add lá no orkut dpois... vo dá uma olhada no seu blog também..

Bjão!