10 julho, 2009

1984 - A Revolução dos Bichos

Não falo muito sobre livros aqui no Un Quimera, acho que até agora o único que eu citei foi O Senhor dos Anéis, porém hoje vou mudar isso e falar logo de dois de uma vez.

Sim, alguns já devem ter percebido, o título do post são os nomes do livros, e ambos foram escritos por um mesmo cara: Eric Arthur Blair, mais conhecido como George Orwell.

Como tive a oportunidade, procurei ler os dois em seguida, li primeiro 1984, o título do livro é uma inversão do ano em que ele foi escrito: 1948, e depois li A Revolução dos Bichos, um dos melhores livros que eu já li até hoje.

1984

Em 1984, Orwell coloca como protagonista da história Winston Smith, um funcionário do Partido do Grande Irmão, um partido totalitarista que tinha no chamado Grande Irmão seu grande líder.

Quando se traduz Grande Irmão para o inglês, temos Big Brother, não é coincidência não, foi deste livro que saiu a ideia do tão falado reality show.

No livro você se depara com um mundo um pouco diferente (veja o mapa acima, em roxo a Eurásia, em verde a Lestásia, em laranja a Oceania, em em amarelo o território disputado por eles), dividido entre Oceania, Lestásia e Eurásia.

A Oceania é o domínio do Partido do Grande Irmão, onde se passa a história, as coisas vão acontecendo no livro e quando Winston conhece Julia algumas mudanças surgem, até quando eles vão ao encontro de O'Brien e as ideias do livro começam a se revelar claramente.

Esse resumo foi fraquíssimo, mas foi de propósito, esse livro não dá pra ser contado assim, é muito melhor ler.

O que dá pra falar mais é que ao ler esse livro você entrará em um universo diferente, de teletelas, Ingsoc, Grande Irmão, e também da Novilíngua, a língua criada pelo partido. 

Vale lembrar também o lema do Partido, que assim a primeira vista parece estranho, mas ao ler o livro você entende:

Guerra é Paz,
Liberdade é Escravidão,
Ignorância é Força.

É complexo demais isso, só lendo mesmo pra entender, na parte do livro em que Smith lê o livro de Emmanuel Goldstein, o grande inimigo do Partido do Grande Irmão, é que você entende isso perfeitamente.

A Revolução dos Bichos
Esse livro é curto, singelo, mas é muito bom!

Começa quando um velho porco, o Major, reune todos os animais da Granja do Solar e expoe a eles o seu sonho: uma granja com os animais vivendo em igualdade, livre do jugo da exploração humana. O Major também ensina aos animais a canção "Bichos da Inglaterra", que se tornaria o hino deles.

Pouco depois o Major morre e os outros animais liderados por dois porcos: Bola-de-Neve e Napoleão se revoltam contra Jones (o então dono da granja) e conseguem fazer a revolução.

A princípio tudo parecia ser melhor, o Animalismo é colocado em prática, o nome da granja muda para Granja dos Animais, o hino é cantado pelos animais, e uma máxima é estabelecida: "Quatro pernas bom, duas pernas ruim!"

Mas aos poucos muitas coisas vão acontecendo e tudo começa a mudar novamente, mudar para pior do que na época de Jones, arquitetadas por alguns porcos (que eram os animais mais inteligentes), Napoleão que se tornou uma espécie de ditador e Garganta, seu pau mandado. Essas mudanças, que parecem inofensivas a princípio transformam-se em algo gigantesco.

Os outros animais, como o esforçado Sansão, o indiferente Benjamim, Quitéria e outros, não entendem bem as mudanças e continuam trabalhando ainda mais do que trabalhavam antes. A
figura de Sansão é especial, ele sempre dizia: tenho que trabalhar ainda mais, e era um grande
pilar da Granja dos Bichos.

No fim... bem não gosto de contar final e não vou contar, mas o mais importante desse livro é a brilhante sátira feita por Orwell, se utilizando de animais ele faz uma ferrenha crítica a implantação do comunismo (foi escrito na época em que Stalin estava no poder na URSS),
mostrando que este sistema teoricamente e utopicamente é igualitário mas quando colocado em prática descamba para o lado do totalitarismo, o líder, na maioria das vezes, deixa o poder subir pela cabeça.

Daria pra falar muito mais desses dois livros, mas acho que já deu pra falar bastante, ilustrar um pouco de cada um, duas críticas que acabam se convergindo e (bezerrando agora) mostram e comprovam toda a versatilidade de George Orwell.

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