02 setembro, 2009

Os Sapos

Um texto que eu fiz tentando misturar política com literatura:

Os Sapos
Em protesto a uma arte obsoleta e sem nenhum conteúdo, o poeta Manuel Bandeira publicou em 1918 o poema Os Sapos.

Na ocasião, os chamados “Sapos” seriam os poetas parnasianos, que desde a década de 1880 vinham fazendo no Brasil a sua poesia: cheia de rimas (forçadas), supervalorizando a forma em detrimento ao conteúdo.

Hoje em dia não existem mais escolas literárias, como o Parnasianismo ou o Modernismo, mas pode ter certeza de que os Sapos ainda estão por aí.

Só que agora os Sapos não são mais literatos (apesar de alguns dos mais papudos pertencerem a Academia Brasileira de Letras), atualmente eles estão em outro lugar.

Os Sapos estão no poder!

Saem da penumbra em anos pares, pois nesses anos precisam das moscas vivas, das moscas nas urnas, das moscas alienadas achando que sapos podem mudar o país.

E depois vão de volta para o brejo, sapos cururus, sapos papudos, tem de todo tipo, com o mesmo discurso prolixo dos parnasianos; o dinheiro público os abastece, e lá no brejo fazem coisas singularíssimas: atos secretos, nepotismo, corrupção e outras milongas mais.

Não bastasse isso ainda censuram: é verdade, estamos em pleno século XXI, em uma República que se diz democrática e jornais são censurados!

Ah, Sapos, o que tenho a dizer para Vossas Excelências?

Sei que todo o público brasileiro para vocês são apenas moscas, e isso tem sim um fundo de verdade, não tiro a razão de vocês. A população (ou público) em geral não compreende, é alienada ou se omite, e isso deve ser o grande alento de vocês, mas existem moscas e moscas.

Essa aqui que vos escreve sabe diferenciar banqueiros de bancários e artigos de lei de artigos de revista, e esse protesto é de uma mosca que voa longe dos senhores, sapos parlamentares.

A esperança de alguém que é realista tem de ser pequena, é verdade. Porém ainda há de chegar o dia em que os sapos, literários ou parlamentares, irão para brejos bem longe daqui.

Um visionário? Talvez.

Um contestador? Com certeza.

Rogério Arantes

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